31 de agosto de 2011

CONEXÃO TRICOLOR ENTREVISTA: Palhinha fala sobre futebol e alfineta elenco Tricolor

Ex-jogador bateu um papo com o Conexão Tricolor e revelou que falta um técnico como Telê Santana para organizar o clube paulista.

Por    Mario Terra Neto
          Viviane Shimoshio


Jorge Ferreira da Silva "Palhinha" - Foto: Mario Terra Neto
 “Ele nos fez acreditar que éramos melhor que qualquer outro time”, assim Jorge Ferreira da Silva, mais conhecido por ‘Palhinha’, relembra época em que atuou pelo São Paulo comandado por Telê. Para o ex-camisa nove, o atual elenco são-paulino em nada se parece com o time montado pelo “mestre”, que conquistou o bicampeonato Mundial de Clubes em 1992/93.

Segundo Palhinha, os técnicos brasileiros estão ‘preguiçosos’: “Eles não conseguem ensinar o jogador porque eles não vão lá fazer o que pedem. Não vão cabecear ou chutar a bola, por exemplo”, diz o craque, que complementa: “Com Telê não era assim. Eu sofri muito com ele para aprender a chutar com o pé esquerdo, só que a diferença é que ele executava o chute também. No final do treino ele falava ‘Está vendo deu certo porque você ficou comigo treinando até conseguir’, e era verdade”.

Outra característica de Telê, que para Palhinha é essencial para o surgimento de bons jogadores no Brasil, é a exploração de atletas de clubes menores. “Comigo foi assim! Ele me observou cinco anos no América-MG para então fazer a proposta para eu ir jogar no São Paulo”, recordou.

Telê Santana, exemplo para o ex-jogador.  Foto: Epitácio Pessoa/Ag.Estado
O ex-futebolista, que começou ainda garoto em times de bairro de Belo Horizonte, como o Venda Nova e o Santa Tereza, chegou ao time profissional do América-MG com 15 anos. Em 1986, um pouco antes da Copa do Mundo, a seleção brasileira esteve em BH se preparando para a competição e o clube foi convidado a realizar dois treinos contra a equipe principal. “Foi aí que Telê me viu jogar”, recordou.

Após os jogos, o então técnico da seleção passou a observar o garoto: “Ele me acompanhou durante cinco anos e quando não podia ir, mandava alguém até lá para ver meu rendimento”, revelou.

No final de 91, Palhinha recebeu o convite para fazer parte do elenco são-paulino: “Foi uma surpresa para mim, porque muita gente falava que o Cruzeiro ou o Atlético queriam minha contratação, mas nunca fizeram proposta”, disse.

Foram quatro anos atuando no Tricolor e nesse período Palhinha conquistou muitos títulos, entre eles o mais importante e marcante de sua carreira: o bicampeonato Mundial de Clubes. “Até hoje não acreditamos que vencemos da forma que foi, porque não éramos favoritos ao título e ganhamos de grandes clubes como o Barcelona e o Milan”, enfatizou.

Palhinha nos tempos de jogador. Foto: Ag.Estado
Fora dos gramados o ex-jogador disse não sentir mais falta do futebol: “Eu parei porque quis parar. Não foi por contusão, desmotivação ou outra coisa, só achei que era o momento de ter outra vida”, confidenciou.

No entanto, Palhinha se aventurou a treinar alguns clubes pequenos, mas logo desistiu quando percebeu a falta de estrutura dessas equipes. Segundo ele, nos primeiros meses tudo era quitado corretamente, posteriormente era ele quem já bancava até o lanche da padaria para os atletas. “Sem bons recursos é difícil conseguir resultados satisfatórios com os jogadores. Não tem como seguir um programa, não dá vontade de trabalhar”, desabafou.

Apesar disso, o ex-jogador é constantemente convidado a participar de eventos futebolísticos, mesas redonda, jogos beneficentes, entre outros. “Eu tenho o privilégio de não ter sido esquecido como muitos são. O futebol me possibilitou muita coisa boa que estou aproveitando agora”, contou o camisa nove, que acrescentou: “Durante minha carreira adotei uma postura que colaborou com a lembrança positiva da época que joguei bola”.

Ainda assim, mesmo não tendo uma boa experiência como treinador, Palhinha confidenciou que não recusaria um convite para comandar o time principal do Tricolor: “E não é só do São Paulo que não recusaria, qualquer um dos grandes times do Estado se me convidassem eu aceitaria na hora”.



Para ele, treinar um time grande é totalmente diferente se comparado a um clube de menor expressão: “Há uma ótima estrutura neles que me daria condições de executar projetos que tenho”, revelou. “Só que se eu fosse técnico do São Paulo mandaria um bocado de gente embora. Jogadores e pessoas que não tem nada a ver com a história do clube, que não merecem vestir a camisa Tricolor”, alfinetou.

“Se o Adílson conseguir junto à diretoria trazer bons jogadores de times pequenos do Brasil, que ele acha ter condições de se desenvolverem e crescerem no time, ele terá bons craques”, avaliou Palhinha, que completou: “Serão jogadores que ninguém mais conhece, o clube não gastará tanto e poderá moldá-lo da forma que quer, aconteceu comigo com o Telê e pode ser assim com muitos outros”.

Confira os melhores momentos do bate-papo com o ex-jogador:



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